Hoje abrimos uma excepção a esta rubrica. Embora seja escrito por alguém que de momento viva no "Rectângulo", acompanhando por lá o Marítimo, este episódio passa-se na Madeira, em pleno estádio dos Barreiros em Maio de 1998. Aqui vai:
"Escrevo
esta pequena narrativa, a pedido um amigo meu (Grande Maritimista), que se
esforça para que o Clube Sport Marítimo seja cada vez maior e uma maneira
simples disso acontecer, é através de vivências e momentos passados por aqueles
que tiveram a sorte de estar presentes e ligados ao clube, podendo assim
transmitir, sobretudo aos mais novos e aqueles que não sabem ou ainda não
sentiram o que é ser o orgulho e a força de uma Região.
Durante
estas mais de duas décadas que sigo o Marítimo, foram muitos os momentos bons,
como também alguns maus que me fizeram ser um apaixonado por este Clube. Nestes
últimos anos que tenho estado a residir fora da Madeira, apesar de serem
menores as vezes que posso acompanhar o Marítimo ao estádio, passei ainda assim
por vários episódios que certamente jamais esquecerei, onde talvez possa escrever
numa outra altura em que me seja endereçado novamente um convite para escrever
no Marítimo no Rectângulo.
Alguns destes momentos certamente fariam mais lógica
no contexto do blog, mas como tenho o vício de só me sentir completamente
satisfeito quando estou em minha casa, tive que escrever sobre uma história
passada no Caldeirão.
Era
eu uma criança que tinha acabado de fazer 12 anos e durante a semana entes do
jogo, só se falava deste acontecimento e das hipóteses que teríamos em ir à Taça UEFA. Complicado diziam uns, impossível dizia outros, a verdade é que não
dependíamos apenas de nós, mas sim de uma combinação de resultados que só os
mais crentes acreditavam.
Foi
assim que no dia 17 de Maio de 1998 que me senti mal acordei. Crente que o dia
seria inesquecível, começando logo pela manhã a chatear o meu pai para irmos bem
cedo para o Estádio, pois não queria perder pitada do que quer que fosse do
jogo. Para minha agonia, ele nesse dia tinha que ir trabalhar, não me dando a
certeza que terminaria a tempo de irmos ao jogo. Deu-me a hipótese de ir com
ele e caso o trabalho terminasse a tempo, iríamos ver o jogo. E assim foi,
peguei no cachecol da sorte e fui na esperança que o trabalho naquele dia não
ia ser impeditivo para nada.
Contava as horas e os minutos…naquele dia pareciam
que passavam como se tratasse de um carro de fórmula 1, até que quando faltava
sensivelmente meia hora ouvi as palavras mais desejadas, “ainda queres ir ao
jogo?”, perguntou-me ele como se tivesse outra alternativa. “Claro que sim!!!” indo assim com todo o entusiasmo na esperança de
chegar ainda antes do apito inicial.
Lembro-me de entrar no estádio e vê-lo como sempre, cheio e pintado de verde e
vermelho (é verdade, antes era assim), mas emoção que pairava no ar era
diferente, sentia-se que algo iria acontecer naquele dia cinzento mas belo.
Foi
difícil encontrar lugar, mas enquanto ouvia o hino e sentia o divino cheiro da
cruz de alecrim, o capitão Carlos Jorge lançava o Leão para as bancadas e nós lá procurávamos
um espaço para nos sentar. Não foi por muito tempo, pois logo as 5 minutos
marcamos, tornando a festa nos Barreiros ainda mais bonita, só ultrapassada
próximo do intervalo com o segundo golo. Ganhávamos assim 2-0 no final da primeira parte
a um Porto já campeão nacional naquela época.
Tudo
mudou no início da segunda parte com o golo do adversário e faltando cerca de
15 minutos para o fim com o golo do empate… Que dor, sentiram os milhares de
Maritimistas que enchiam o Estádio.
Praticamente na mesma altura, chegou uma
boa noticia do outro jogo que nos interessava, o resultado e o animo que todos
aqueles adeptos sentiram. O Campomaiorense dava a volta ao resultado no Bessa! Certamente chegou também ao terreno de jogo, pois aos 85 minutos um nome que dificilmente esquecerei devido ao momento, Herivelto, marcou dando
assim a maior explosão de alegria que alguma vez vira. O estádio vinha abaixo,
lembro-me que da maneira como nos levantamos e saltamos para festejar o golo,
foi a mesma que continuamos até ao final do jogo, cerca de 10 minutos em que ninguém
naquele estádio se sentou, só ouvíamos Marítimo, Marítimo,
Marítimo… Simplesmente lindo e inolvidável.
Quando
o arbitro apitou para o final do jogo, recordo-me do treinador Augusto Inácio
vir a correr em nossa direcção juntamente com os jogadores e agarrado às grades
que separam das bancadas com as lágrimas nos olhos…não existem palavras que
façam descrever melhor o momento do que olhar em redor e ver que estava toda a
gente assim… A chorar de alegria.
Passados
quase 15 anos, este foi o momento que mais me tocou, muitos se aproximaram e num
futuro próximo esperemos que muitos mais sejam melhores.
Obrigado
Marítimo."
João
Até arrepia e por culpa desta memoria vou pintar a cara de verde e vermelho quando for a Olhão ver o Maior apurar-se para a Liga Europa
ResponderEliminarEsperemos que, se já não estivermos qualificados à data, em Olhão aconteça o que aconteceu em Guimarães na época do MVG!
EliminarPara mim foi o jogo mais marcante que assisti ao vivo do maior das ilhass, bom post. Fabio
ResponderEliminarA capa do DN desse dia dizia que só com um milagre o Marítimo se qualificaria. E não é que o "milagre" aconteceu mesmo?
ResponderEliminarSem dúvida um momento alto na história do nosso clube.
FOI UM JOGO PARA FICAR NA MINHA MEMORIA E NA HISTORIA DO CLUBE FOI EMOÇAO ATE AO FIM CHOREI NESSE DIA DE ALEGRIA ATE HOJE ME EMOCIONO AO VER ESSE VIDEO EM QUE CHEGAMOS A UMA COMPETIÇAO EUROPEIA COM UM GOLO DO NOSSO CRAQUE HERIVELTO :D
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